sexta-feira, abril 22, 2011

Historia de Odete Soares dos Santos por ela mesma.


Organização de bibliotecas - caixinhas de revista de material reciclado: http://organizacaodebibliotecas.blogspot.com.br/2013/12/o-processo-e-lento-mas-e-muito-gostoso.html


Vovó Odete conta um pouco de sua infância.



Adaptação de Anne e Rudi Santos

Estes escritos foram encontrados por mim ha pouco tempo no meio de algumas de minhas coisas. Lembro-me que quando ouvia as historias de minha mãe eu sempre lhe dizia que sua vida daria um livro bem interessante. Eu havia feito uns cadernos com folhas de rascunho que a Eletropaulo, empresa em que eu trabalhava na época, jogaria fora. Dei um destes cadernos a minha mãe e lhe pedi que escrevesse ali o que se lembrasse de sua infância até o presente momento. O que lerão abaixo foi o resultado deste meu pedido. Estou passando aos poucos para arquivo eletrônico, junto com a Anne, minha filha. Portanto, se ainda não leram o capitulo final, aguardem até que possamos continuar a transcrever a história.
Rudi Santos



Capítulo 1

O Primo

Mamãe tinha um primo que morava em Rio Claro, chamava-se Erasmo Meirelis que era casado com dona Ritinha e tinha 2 filhos.
Ele era dentista e mamãe de vez em quando nos levava na casa deles, era uma casa grande,em uma chácara muito bonita,que tinha um pomar maravilhoso com muitas fruteiras e mangueiras enormes.Tinha balanço de corrente e nós adorávamos ir lá só para brincarmos na balança.Era uma delícia.
A mangueira era alta e nós íamos na maior altura possíveldepois tomávamos leite, tirado na hora.Chegava a estar espumadinho.Comíamos frutas a vontade.
Enfim era uma delícia ir na casa do primo Meirelis.Ele era um homem muito elegante,mas não era muito bonito.O casal também ia em minha casa e eu e meus irmãos brincávamos muito com suas filhas.
O primo de minha mãe, começou a frequentar demais minha casa.A esposa dele não era bonita,era uma senhora de meia idade.O primo de minha mãe começou a cobiça- la, até que um dia eu, como sempre, ali pelo chão, nas minhas brincadeiras, vi quando o primo Meirelis ia chegando e disse para minha mãe.E ela não gostou.Apesar disso ela o recebeu bem. Ele, todo alegre, estava com um terno branco, e um sapato branco e preto muito bonito. Sentou-se em uma cadeira no quintal em frente a cozinha.Havia ali um pé de sabugueiro com um tronco bem grosso e todo cheio de flores.O primo Meirelis encostou a cadeira para trás apoiando no sabugueiro.Mamãe já tinha nos dado almoço.ofereceu para o primo e ele não quis.Mamãe começou a comer com o prato na mão.ela estava na porta e o primo recostado na cadeira.O primo começou a fazer galanteios para mamãe.Então ela foi falando para ele:
--- Você precisa cuidar da sua família e respeitar a família dos outros.
Ele cada vez mais falava coisas para mamãe.Ela foi ficando nervosa e quando viu que não tinha jeito de cortar o papo desagradável do primo,mandou o prato de comida no rosto dele. Ele deu um pulo da cadeira e a roupa dele ficou toda suja de caldo de feijão.
--- E agora como vou sair na rua? --- perguntou o primo.
Mamãe respondeu:
---Você ainda quer saber, como assim?quer ver?
Ela pegou um pau e correu para cima dele.Ele saiu correndo, sumiu e nunca mais veio em casa.Nós nunca mais fomos na casa dele.





Capítulo 2-

Mamãe toda semana saia para entregar costuras. Ela começou a receber galanteios.Mamãe começou a ficar doente de tanto trabalhar. Passava mal a noite com o papai e não deixava o papai saber o que estava acontecendo.
Então ela foi pegando uma estafa e deu crise nervosa. Papai resolveu nos levar para Macatuba. Lá fomos nós e nessa época vovô já estava bastante velho e vovó também. Quem dirigia a casa agora era minha tia Laura, a filha mais velha.Ela tinha 2 filhas e o marido, meu tio José Cordeiro. A filha mais velha chamava-se Isaura e a mais nova Onorina. A Onorina tinha o apelido de nenê.
Quando chegamos o vovô soares e a vovó Maróca ficaram contentes do nos ver. A tia Laura, porém, não gostou muito de nossa chegada mas não podia nos rejeitar por causa de meus avós. Com isto, ficamos na casa de vovô mas não sabíamos o que nos esperava. Papai e mamãe voltaram para Rio Claro e foram dar um jeito de mudar para pederneiras que fica mais perto de Macatuba, cidade que, na época, chamava-se Bocaiúva.
Minha tia, como não havia gostado de nossa chegada, logo foi mandando o Wilsom ir para a casa do Tio Esabilino, outro irmão de meu pai. Eu e a Ica ficamos com a vovó, mas a tia Laura, o que pode fazer de maldade para nós ela fez. Passamos muita fome porque tia Laura falava para meus avós que já tínhamos tomado café da manhã, por exemplo, e só havia dado café preto em uma canequinha de esmalte com um pedacinho de polenta que era feita para dar ao cachorro. No almoço, ela dava para minha prima um bonito prato de comida, com feijão, carne, batatas, verduras. Já para nós, dava angu do cachorro, com feijão bem aguado e serralha. Esta era nossa refeição. Não estávamos acostumadas a comer tão mal assim. Apesar de sermos tão pobres mamãe sempre criou galinhas. Tínhamos ovos, verduras que meu pai plantava e bebíamos leite de cabra que mamãe tirava todos os dias. Agora tínhamos que passar todos os dias só com angu mal feito, caldo de feijão e um pouco de café. Estava duro de agüentar e ainda por cima o Wilson ficou longe de nós e sentíamos a falta dele. Difícil também estava ficar longe de nossos pais mas, assim mesmo tentávamos nos distrair. Vovó pois a Ica na escola. Ela ia com minha prima o que ainda deixou o ambiente mais triste para mim.
Quando a Ica voltava da escola ela sempre trazia uma florzinha e dava para mim. As vezes ela trazia um caco de louça bonitinho para nós brincarmos ou uma latinha bonita para nós fazermos comidinha.