terça-feira, fevereiro 02, 2016

O mago das plantas que curam

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                                O mago das plantas que curam


Não quero imitar outros que falam de suas vidas como se ja estivessem mortos . Não, estou vivo, vivinho da silva. Sou apenas um menino de oito anos que tem lembranças estranhas. Não sei de onde elas vêm, mas sei que são bem reais, juro que parece que vivi de verdade as coisas que lembro quando estou aqui, sentado embaixo desta mangueira escrevendo em meu diário. Fora as lembranças eu, outro dia, sentei no piano que minha mãe acabou de comprar e toquei uma música da qual me lembrei. Minha mãe disse que toquei perfeitamente a nona sinfonia de um tal de Beethoven. Não sei quem é, acho que ele foi um músico famoso. Mas as lembranças que tenho não são da vida de Beethoven. Andei pesquisando e notei que a vida dele não tem nada a ver com a das lembranças que eu tenho. Mas, vamos fazer assim. Eu vou fingir que estou contando uma historia para meu diário, este que escrevo agora. E você, se por acaso um dia vier a ler o que escrevo, vai esquecer que sou apenas um menino, sentado embaixo de uma mangueira sentindo o cheiro maravilhoso de manga madura a beira de um rio e simplesmente vai embarcar em minha historia.
Era uma casa de fazenda, um casarão com jardins em volta de toda ela. Haviam flores de todo tipo e todas as cores enfeitando os arredores. Coqueiros altos balançavam sempre ao sabor dos ventos e grandes gramados verdinhos verdinhos. Em frente a casa, canteiros de flores as vezes quadrados e as vezes em forma circular. Era o que dava para ver da sacada ampla da casa. Eu aprendi a tocar piano desde bem pequeno, lembro-me de um lindo piano de calda que havia na sala ampla do casarão.
Não que isto fosse importante, mas estávamos, eu e minha família morando nos Estados Unidos. Foi no tempo da primeira guerra mundial. Meu pai era um caixeiro viajante  muito bem sucedido.  Eu, para dizer a verdade, pelo que me lembro nunca conheci meu pai a fundo. Ele nem parecia gostar de crianças e eu era seu filho único. O velho estava sempre viajando e eu quase não o via. Minha mãe casara-se por amor quando meu pai ainda era um pobre diabo. Este amor parece que foi se apagando com o tempo e se transformando em solidão com a ausência de meu pai da fazenda. Ela bebia muito e vivia enfurnada em seu quarto curtindo uma dor de cabeça de uma ressaca interminável. Tínhamos vários escravos. Eles eram em torno de uns 50. Eram a princípio poucos, uns 15 talvez, mas ele se reproduziram e reproduziram e se tornaram muitos, ao menos era esta historia que ouvi meu pai contar sobre eles. Eu nem sabia que eram escravos, hoje tendo estudado historia eu sei. E, sabe porque eu não me dei conta disto? Porque eles me criaram desde bebê. A Naná era minha ama de leite e me amava como a um filho. O Papou, marido de Naná era mais do que um pai para mim. Eu mais vivia com eles do que com meus pais. Papou me ensinava tudo sobre o jardim e as plantas. Ele tinha um jardim só de plantas que curavam todas as doenças. Ele sempre me dizia:

-Doença que planta não cura fio, é doença que a alma aceitou e não quer largar mais. Do resto tem planta que cura toda doença.

Me lembro com uns sete a oito anos em minha primeira lição com Papou Saiasi. Ele já era adulto e tinha filhos, mas me tratava como um deles. Eu e seus três meninos, um de sete, outro de oito e outro de nove anos eramos para ele seus quatro aprendizes de curandeiros. Papou Saiasi tinha que passar a frente seus conhecimentos e ia caminhando no meio do seu jardim com seus 3 filhos negros e eu, o patinho feio da turma, o filho branco. Ele ia dizendo.

- Tão vendo esta planta aqui? Esta chama chapéu de couro. Serve pra curá reumatismo de velho e inté reumatismo de sangue. Tá vendo esta arvre aqui, quando menino tivé perdido na mata e precisá dicumê é só riscá a casca que sai leite. Notem bem cumé a foia dela e a casca dela. Tem que aprendê direito pra num si invenená. Prova aqui meninos.

Eu e os meninos provamos, o leite tinha gosto de amendoim, era bom.

 -Mas não pode bebê muito, disse ele em tom sério, só bebe pra se alimenta e dispois para. Senão dá dor de barriga.

Ele nos ensinava um pouco todos os dias enquanto trabalhava no jardim arrancando as tiriricas e outras hervas daninhas. Tinha folhas que curavam hematomas, chas que curavam desinterias e até a cura para o diabetes ele tinha. Para mim aquilo era pura magia. Curar a dor de alguém com uma planta amiga, pôxa, que bacana!
 E assim, todos os dias eu acordava já pensando em ir explorar o jardim de Papou Saiasí. Minha mãe quase nem tinha contato comigo. Só me via de vez em quando para me dar um beijo com cheiro de rum ou Whisky. Eu sinceramente não tenho ideia de onde ele conseguia tanta bebida.
Um dia, recebemos a visita de um cavaleiro. Meu pai que havia saído de casa para uma de suas viagens estava ja há meses sem dar noticia.

-Infelizmente venho lhe dar más notícias, disse o cavaleiro a minha mãe. Seu esposo faleceu. O navio em que ele estava levando sua carga foi atingido por uma bomba jogada de um avião. Acho que foi confusão ou maldade do piloto de caça. O navio se quebrou em dois e afundou  e, como e estava em alto mar, não deixou nenhum sobrevivente.

O cavaleiro se retirou dando as condolências e minha mãe se pôs a chorar daquele em dia em diante para nunca mais parar até morrer de tristeza e cirrose pouco tempo depois.
Foi assim que os escravos então passaram a cuidar de mim e de minha fazenda. Eu, quando fiquei um pouco mais velho, pedi que Papou Saiasí e sua família, que antes moravam na senzala, viessem morar comigo dentro da casa de meus pais. Eu havia dormido sozinho por tempo suficiente e as vezes, a noite eu acordava no teto, olhando para baixo e vendo meu corpo dormir lá na cama, la embaixo. Aquilo me dava medo. Dai contei para a Naná e o Papou e pedi encarecidamente que eles nunca mais dormissem longe de mim. Eram para mim pais adotivos amorosos e carinhosos. Eu adorava meus irmãos negros e pedi a eles que dali em diante me adotasses e fossem para mim a família que eu havia perdido, o que fizeram de bom grado para minha felicidade.
O tempo passa muito rápido em nossas vidas. Cresci nesta comunidade de ex-escravos que fiz questão de alforriar assim que pude assinar papéis por conta própria. Dos 50 escravos que meu pai tinha eles viraram 70 depois de algum tempo e formaram então a primeira comunidade de negros livres de Wisconsin. Os amigos de meu pai branco me ajudaram a continuar meus estudos e me formei em medicina. Era um bom médico e cuidava de todos os que me cercavam, tivessem dinheiro ou não. Meu pai deixara-me muitas rendas e propriedades que foram bem cuidadas pelos ex-escravos e serviram para nos acomodar a todos e ver nossas famílias crescerem.
Casei-me com uma linda mulher em época oportuna. Já era formado e atendia em meu consultório quando olhei para Lucie como mulher. Ela era uma das lindas negras de minha fazenda com a qual eu brincara na infância e crescera correndo atras dela pelos gramados. Ela também me olhou com olhar diferente e nos apaixonamos, nos casamos e tivemos dois filhos lindos.
 Meu pai preto, sempre me acompanhou em tudo o que eu fazia. Ele tinha orgulho de mim e da ajuda que eu dava para as pessoas sendo o médico da comunidade. Naná e Papou Saiasi envelheceram , viram seus netos e até bisnetos e morreram com ais de cem anos cada. Eu fiquei muito triste com a morte deles, afinal Papou Saiasi era meu pai preto querido e Naná minha mãe preta.
Antes de Papou falecer ele já sabia de sua morte e me disse:

-Nóis num morre não. Depois do portal que a morte traz tem vida, a vida da alma. Vou sempre estar com você fio.  Quando precisá de argum remédio de planta, me chama que venho te dize como faz se oce num lembrá de tudo o que te ensinei.

Eu jamais esqueceria dos ensinamentos de Papou, pensei. Quero te-lo em meu coração para sempre, mas não vou jamais chamá-lo para me dar receitas de chás depois que ele morrer, cruz credo!

Ocorreu que um dia uma das moças negras da comunidade ficou doente e, por mais que eu estudasse nos livros e tentasse chegar a uma conclusão sobre o que ela tinha, não acertava o remédio convencional. Papou já se fora havia mais de dez anos, nem me lembrava mais da conversa que tivera com ele no seu jardim. Um dia, desesperado por ver uma moça tão linda que poderia ser minha filha, morrendo sem que eu conseguisse ajuda-la, fui fazer um passeio no Jardim de Papou Saiasi para, quem sabe ter alguma iluminação. Me lembrei de como Papou me ensinava e aos meus irmãos negros sobre todas as plantas que haviam ali. Fiquei com os olhos fechados por um tempo e quando abri meus olhos vi nada mais nada menos do que Papou em pé a minha frente. Estremeci até os ossos, mas fiquei ali parado. Ele sorriu para mim como sempre fazia com seus belos dentes brancos. Apontou-me uma planta e eu instintivamente fui até ela. Ele então mostrou quatro dedos e apontou para as grandes folhas. Entendi, quatro folhas. Fez um gesto com a mão, como mexendo em uma panela, cozinhando e por fim mostrou-me com a mão dois dedos. Sim, duas vezes ao dia. Entendi o recado ainda atônito.
No mesmo dia fiz a receita e dei para a moça. Ela sarou em pouco tempo. Dai para diante, sempre que eu tinha casos mais graves que a medicina convencional não resolvia, eu ia até o jardim de Papou Saiasi e ele sempre me orientava. Com o tempo comecei a ouvi-lo em meu pensamento. Ele já não precisava mais fazer gestos.
Envelheci também e tive filhos e netos. Me lembro do dia em que morri.Eu estava em meu avental de médico atendendo um paciente, lá pelos meus 80 anos. Vi Papou Saiasi entrando no consultório em plena luz do dia e não entendi porque ele faria isto, já que eu sempre o via no seu jardim. Ele falou comigo brandamente.

-Vem fio, tá na hora docê passá o portal. Naná e eu te esperamos pra podê segui caminho.

Tive então um desmaio e caí duro que nem uma pedra no chão. Chamaram minha esposa, mas eu já estava morto. Lembro que vi ainda meu corpo caído ali e olhando para trás de mim, vi Papou e Naná de braços abertos me esperando. Senti-me feliz e corri como uma criança para os seus braços. Papou me mostrou seu novo jardim e Naná me levou para onde eles agora viviam, no meio de lindas e coloridas flores.
Dai, não sei como vim parar aqui, sendo filho de minha mãe e de meu pai. Minha mãe é branca e meu pai é Mulato. Meu pai me ensina muitas coisas sobre hortaliças e plantas que curam. Ele mora no meio da floresta em Rondônia. Parece, assim como meu pai preto, saber tudo de plantas que curam. ele tem uns papos estranhos, diz que vê anjos e já viajou num disco voador com Jesus. Acho que é piração do meu pai, o que vocês acham?

Um comentário:

Anônimo disse...

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